O Crazy Horse é incontestavelmente o maior colaborador
musical de Neil Young, são aqueles que parecem melhor transparecer o real
espírito do canadense. O seu som pode ser comparado ao de uma boa banda de garagem: cheio de força e paixão, imperfeito, inclemente e rústico. Já provaram
ser o grupo perfeito para a sonoridade de Young, criando um fundo musical
apocalíptico para suas belas composições, fazendo um interessante contraponto
entre o delicado e o rude.
Os primórdios: Danny & the Memories e o The Rockets
As origens da banda se dão por volta de 1963, em Los
Angeles, como o grupo-vocal de Doo-Woop Danny & the Memories, sendo
liderado por Danny Whitten como vocalista principal e contando com Lou Bisbal
(mais tarde substituído por Bengiamino Rocco), Billy Talbot e Ralph Molina como
vocalistas de apoio. Lançaram apenas alguns singles de pouco sucesso antes de encerrar suas atividades.
Danny resolve mudar-se para São Francisco junto com seus
amigos Talbot e Molina durante o período de explosão do Folk Rock na cidade,
onde bandas como os Byrds e o Jefferson Airplane começavam a fazer muito
sucesso. Juntaram-se aos irmãos e guitarristas Leon e George Whitsell e ao
violinista Bobby Notkoff e fundaram o The Rockets, com quem gravaram seu único
e homônimo álbum em 1968. No mesmo ano o canadense Neil Young promovia seu álbum de
estreia, convidou o The Rockets – a quem havia conhecido em seus últimos dias
no Buffalo Springfield – para abrirem algumas de suas apresentações no famoso
Whisky A Go-Go, em Los Angeles.
Em uma das noites ao executar uma Jam com o grupo ele percebeu que ali existia uma
ligação quase que espiritual, parece até que aqueles caras haviam nascido para
fazer parte da sua banda.
O cavalo louco
No inicio do ano seguinte enquanto se preparava para
gravar o seu segundo álbum, Neil queria algumas mudanças em relação ao seu
primeiro LP e pensou logo em convidar seus amigos do The Rockets para o
ajudarem nas gravações.
Contactou Danny e pediu que ele reduzisse o número de membros
do seu grupo para três, a fim de criar uma sonoridade mais pesada e rústica
para servir de contraste a sua estreia baseada no Folk Rock que ele mesmo já
vinha produzindo com o Buffalo Springfield. O guitarrista então demitiu os
irmãos Whitsell e o violinista Notkoff, restando apenas ele e seus velhos
companheiros Billy Talbot e Ralph Molina. Esse era o fim prematuro do The
Rockets que reduziam seu número de colaboradores e eram batizados por seu novo
padrinho como Crazy Horse – uma justa homenagem ao chefe indígena dos Sioux que
nunca foi derrotado em batalha pelo exercito americano – representando toda a
força daquele grupo.
As gravações rolaram entre
janeiro e março de 1969 no Wally Heider Recording, um estúdio californiano
muito requisitado pelo pessoal do Country/Folk americano e o favorito de gente como John
Fogerty do Creedence Clearwater Revival.
Young fazia de tudo para que as músicas soassem o mais natural possível, registrando tudo em poucos takes e mantendo as canções em sua forma primal para criar o efeito “ao vivo em estúdio”.
Young fazia de tudo para que as músicas soassem o mais natural possível, registrando tudo em poucos takes e mantendo as canções em sua forma primal para criar o efeito “ao vivo em estúdio”.
O resultado final se mostrou excelente! Tornando Everybody Knows This Is Nowhere um dos mais aclamados da carreira de ambos ajudando o grupo a sair da obscuridade
em que se encontrava.
Estreia gloriosa e a guerra pessoal de Danny
Satisfeito com seu recente lançamento, Neil começou a
trabalhar em seu terceiro LP ainda em 1969; seus planos iniciais eram de novamente contar com a Crazy Horse como banda de apoio, mas o já crescente
vicio de Danny em drogas pesadas o fizeram abortar a ideia durante as gravações
do disco – gravando apenas 4 faixas com o grupo – e requisitar a ajuda de
alguns amigos como o pianista/produtor Jack Nitzsche (que já havia trabalhado
com Phil Spector e os Stones) e o talentoso guitarrista Nils Lofgren (ainda um
adolescente na época que havia sido descoberto por Neil tocando em bares de
Washington) para concluir o disco no ano seguinte.
Mesmo com a saúde fragilizada de Danny, a banda descola
um contrato com a Reprise – mesma gravadora de Young – e sai em uma mini-tour
preparatória para gravarem o seu primeiro álbum solo, neste período o grupo se
transforma em um quinteto com a chegada de Nitszche e Lofgren que conheceram
durante as sessões de After the Gold Rush.
Em 1970 finalmente começaram de fato a gravar o tão
aguardado álbum, que foi concluído em meio a muitas brigas internas e a pressão
da gravadora que perdeu a paciência com o grupo e colocou o LP na geladeira até
o ano seguinte. Quando o disco saiu em fevereiro de 1971, Nitzsche e Lofgren já
haviam caído fora, enquanto Danny foi sumariamente demitido de seu próprio
grupo por ser tornar disperso e incoerente devido ao seu abuso de drogas. O
guitarrista morreria tragicamente no ano seguinte, em 15 de novembro de 1972,
com sua saúde extremamente debilitada vitima de overdose.
Tempos difíceis
Após um pequeno hiato Talbot e Molina reativam a banda para cumprir um seu contrato com a Reprise que os obrigava a gravarem mais dois discos pelo selo, em meio a muitas mudanças de formação em que convocaram alguns dos ex-companheiros do The Rockets e outros músicos vindos do underground californiano colocaram no mercado os fracos Loose e At Crooked Lake, respectivamente em janeiro e outubro de 1972.
Com o fracasso eles entram novamente em hiato – que desta vez duraria
cerca de 4 anos – com Talbot e Molina apenas contribuindo de forma
informal com Neil Young, em 1973, ambos fizeram
parte do supergrupo The Santa Monica Flyers ao lado do seu ex-companheiro Nils Lofgren e do guitarrista Ben Keith, auxiliando na gravação do
deprimente Tonight’s the Night – que foi engavetado pela Reprise até 1975 – e
deram a banda como terminada assim que concluíram as gravações do álbum.
Renascimento
Em 1975 após o seu período mais negro onde gravou a sua
conhecida “Trilogia da Sarjeta” – Time Fades Away (1973), On the Beach (1974) e
Tonight’s the Night (1975) – Young solicita aos seus amigos que voltem a ativa ao apresenta-los ao guitarrista Frank 'Poncho' Sampedro, já nos primeiros
ensaios 'Poncho' se mostra o cara certo para o grupo reavivando o espírito selvagem
da Crazy Horse que estava adormecida desde a conturbada saída de Danny Whitten.
Com um som mais denso e pesado gravam na integra o clássico Zuma em parceria
com Neil Young, que surge como uma espécie de renascimento artístico de ambos.
Daí pra frente contribuem em diversos de seus álbuns e shows, aproveitando o bom
momento gravam em 1978 o seu quarto disco de estúdio intitulado Crazy Moon, que
mostra o quanto a chegada de 'Poncho' fez bem a banda.
Problemas internos e a parceria duradoura
Em 1986 quando rolavam as gravações de Life, vários
desentendimentos entre Young e a banda aconteceram o que resultou na demissão da Crazy Horse e numa posterior debandada de 'Poncho', sem guitarrista fixo eles contrataram a dupla Sonny Mone e Matt Piucci pata auxiliarem em seu próximo álbum Left for Dead de 1989. A fraca recepção de fãs e critica
culminou na volta do guitarrista quando fizeram as pazes com Neil e gravaram com
ele o LP Ragged Glory em 1990. A Crazy Horse permaneceu em plena atividade
durante os próximos 12 anos, auxiliando Neil Young em seus álbuns e marcando
presença frequente em seus shows, chegaran a abandonar a ideia de gravação de
um novo álbum próprio para cumprirem as extensas turnês que se sucederam ano
após ano. Em 2002 durante as gravações de Greendale, 'Poncho' abandona mais uma
vez o grupo, agora amigavelmente a pedido de Young que desejava acrescentar o
som de uma única guitarra (no caso a sua) no seu novo trabalho.
Um novo recomeço
Após o termino de Greendale, o grupo resolve dar um tempo em suas carreiras ficando inativo por cerca de 10 anos, quando saem de sua aposentadoria para uma
volta triunfal ao lado de seu tutor na gravação da excelente dobradinha Americana e
Psychedelic Pill em 2012.
Provando mais uma vez que o espírito da Crazy Horse
continua vivido, poderoso e selvagem.Discografia básica:
Discografia
(Pré-Crazy Horse):
The
Rockets (1968)
Discografia (solo):
Crazy
Horse (1971)
Loose
(1972)
At
Crooked Lake (1972)
Crazy
Moon (1978)
Left for
Dead (1989)
Discografia (com Neil Young):
Everybody
Knows This Is Nowhere (1969)
After
the Gold Rush (1970)*
Tonight’s
the Night (1975)*
Zuma
(1975)
American
Stars ‘n Bars (1976)*
Comes a
Time (1978)*
Rust
Never Sleeps (1979)
Live
Rust (1979)
Re-ac-tor
(1981)
Trans
(1982)*
Life
(1987)
Ragged
Glory (1990)
Weld
(1991)
Arc
(1991)
Sleeps
with Angels (1994)
Broken
Arrow (1996)
Year of
the Horse (1997)
Are You
Passionate? (2002)*
Greendale
(2003)
Americana (2012)
Psychedelic Pill (2012)
*álbuns gravados apenas parcialmente como banda de apoio.
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