Eles podem ser considerados um dos mais importantes e
influentes combos do Blues/Boogie americano e mesmo nunca conseguindo lançar
grandes sucessos comerciais foram capazes de tocar nos dois maiores festivais
de Rock ao ar livre da história, o Monterey Pop Festival em 1967 e o Woodstock
Music and Art Fair em 1969. Seus fundadores Bob “The Bear” Hite e Alan “Blind Owl”
Wilson, foram dois dos maiores conhecedores do Blues negro do Mississipi da
época, sendo responsáveis por verdadeiros resgates da carreira de muitos
artistas do gênero quando tocaram seus temas em discos despertando o interesse
pelos vários bluesman a muito esquecidos.
Canned Heat Blues

Esta formação não duraria muito, apenas alguns dias para
falar a verdade, saíram Perlowin e Sawyer e chegaram Kenny Edwards e Ron
Holmes, dois amigos pessoais de Hite que aceitaram segurar a bronca até que o
grupo achasse algum guitarrista e baterista permanente para seus respectivos
lugares. Sem demora o guitarrista Henry Vestine aparece na cidade pedindo um
lugar na banda, ele acabava de ser expulso do Mothers of Invention pelo próprio
Frank Zappa devido ao abuso excessivo de álcool e drogas e estava sedento por
algo novo e estimulante. O fato de Vestine ser um junkie não incomodou nem um
pouco o pessoal do Canned Heat, que aceitaram sua entrada na banda e como havia
sido acordado previamente Kenny Edwards os deixava para ao lado de Linda
Ronstaldt e Bob Kimmel formar o trio Folk The Stone Poney; o gruitarrista ainda trouxe consigo o
baterista Frank Cook para assumir as baquetas no lugar de Sawyer que também
deixou a banda.
A estreia em vinil
Com a ajuda do produtor Johnny Otis gravaram um punhado
de canções para um primeiro álbum, que acabou sendo engavetado devido a falta
de uma gravadora interessada no material. A banda então entrou em um hiato que
duraria quase um ano, enquanto o baixista Stu Brotman estava na Europa em meio
a algumas apresentações em festivais de música tradicional americana o grupo
conseguiu descolar um contrato com a modesta Liberty Records – que mais tarde
faria parte do grupo EMI – que sedenta por novos artistas exigiu que eles
assinassem logo o contrato, sobpressão o grupo decide substituir Brotman por
Mark Andes, que permaneceu pouco com eles até voltar para seu antigo grupo o Red
Roosters (que futuramente viria a se tornar o Spirit). Os novos empresários
Skip Taylor e John Hartmann que cuidaram de arrumar um novo baixista para que
as gravações continuassem rolando normalmente, o escolhido foi Larry Taylor que
além de ser um exímio baixista já havia tocado com grandes nomes do R&B
americano, portando possuía a experiência que seria necessária em estúdio.
Com esta formação lançaram seu primeiro single contendo
“Rollin’ and Tumblin’” no lado A e “Bullfrog Blues” no Lado B.
O álbum homônimo de estreia só sairia três meses depois,
em julho de 1967, contendo um apanhado de versões para clássicos do Blues e
temas tradicionais do cancioneiro americano; o LP acabou se saindo
razoavelmente bem nas paradas, atingindo a 76ª posição nos principais catálogos,
o que motivou a Liberty prolongar o vinculo com a banda.
Monterey Pop Festival e novas mudanças
A primeira grande
apresentação do grupo ocorreu no renomado Monterey Pop Festival em 17 de junho (o que pode ter gerado uma procura maior em seu disco de estreia, lançado quase um mês após o festival), com uma performance eletrizante conquistaram o publico e ficaram marcados como uma das melhores apresentações do festival, conquistando elogios mesmo dos mais duros críticos musicais que chegavam a afirmar queWilson e Vestine faziam a melhor dupla de guitarras em atividade na
música.
Foram uma das primeiras bandas americanas a ser presa por
porte de drogas, isso a caminho de um show em Denver, sendo liberados em poucas
horas devido à falta de provas. Em dezembro do mesmo ano o baterista Frank Cook é
obrigado a deixar a banda após um grave acidente de carro, indicando para o seu
posto o mexicano Adolfo de La Parra com quem havia tocado no Bluesberry Jam.
Foi neste período que tentando popularizar o grupo a dupla de empresários
resolveu criar apelidos para cada um dos membros; que passaram a ser chamados
de: Bob “The Bear” Hite, Alan “Blind Owl” Wilson, Henry “Sunflower” Vestine,
Larry “The Mole” Taylor e Alberto “Fito” de La Parra.
Novamente na estrada – a margem do sucesso
Lançaram seu segundo disco Boogie with Canned Heat ainda
em janeiro de 1968, agora quase todo composto de temas próprios a exceção de
“On the Road Again” (original de Floyd Jones) que ganhou novos arranjos e foi
lançada em single, a canção acabou surpreendentemente alcançando as primeiras
posições dos catálogos nos dois lados do atlântico o que transformou o grupo em
um dos mais adorados por hippies da época. Em agosto foram assistidos por cerca de 80.000 pessoas no
Newport Pop Festival o que gerou lucro o suficiente para arrendarem uma pequena
casa de shows na Sunset Boulevard em Los Angeles, onde se tornaram a banda da
casa e que costumeiramente recebia outros grandes nomes da música, entre eles
Jefferson Airplane, Grateful Dead e Sly & the Family Stone.
Em setembro do mesmo ano partiram para sua primeira
excursão europeia, passando por Reino Unido, França e Alemanha, onde também
fizeram suas primeiras aparições na TV.
Vivendo o Blues
Em novembro de 1969 colocavam seu terceiro LP no mercado,
Living the Blues foi lançado em vinil duplo, contendo releituras de clássicos do Blues e temas originais, além de uma colagem sonora que incluía pedaços de
outras canções, barulhos diversos e fraseados de guitarras aleatórios e uma
derradeira faixa de cerca de 40 minutos de duração gravada no Kaleidoscope – a
casa de shows comprada pelo grupo – que ocupava os dois lados do segundo disco.
O disco inclui o maior sucesso comercial da banda “Going Up the Country”, que
ficou no Top 10 dos catálogos de 25 países incluindo EUA e Reino Unido.
Ainda era previsto o lançamento de um álbum totalmente ao
vivo, que chegou a ser gravado no Kaleidoscope, mas foi engavetado devido a
problemas legais entre o empresário Skip Taylor e a Liberty pelos direitos da
obra. A banda encerraria o ano num show especial de ano novo no
Shrine Auditorium em Los Angeles, com a casa lotada e com direito a um bêbado
Bob Hite subindo nas costas de um elefante de circo especialmente contratado
para o espetáculo.
Mudanças na formação e o festival de Woodstock
Após um começo de ano mais ameno que o anterior em julho
lançam o álbum Hallelujah, menos inspirado
que seus antecessores e apesar
de bem cotado pela critica não caiu totalmente no gosto popular.
Poucos dias após o lançamento do seu quarto disco durante
uma temporada no renomado Fillmore West, Henry Vestine e Larry Taylor se
desentendem em pleno palco causando uma grande confusão, a briga se estendeu ao
backstage resultando na demissão de Vestine que seria substituído na noite
posterior pela dupla de guitarristas Mike Bloomfield e Harvey Mandel, este
ultimo, posteriormente aceitaria fazer parte da banda suprindo a falta de
Vestine. A nova formação ainda faria mais duas apresentações na casa de shows
de Bill Graham antes de viajarem para sua aparição no lendário festival de
Woodstock.
Chegaram a Yargu’s Farm de helicóptero, onde no dia 16 de
agosto fizeram uma das suas melhores apresentações de todos os tempos, em
frente a 500.000 hippies levantaram o publico com músicas como “Let’s Work
Together”, “Leaving This Town” e “Going Up the Country” – esta que se tornaria
uma espécie de hino não oficial do evento.
O Blues do futuro
Antes de iniciarem sua terceira turnê europeia gravaram
no Village Records em Los Angeles seu quinto álbum de estúdio, Future Blues,
onde pela primeira vez assumiram a produção de um disco o que resultou num
trabalho mais intimista e o mais próximo que o grupo conseguiu chegar do som
que sempre almejaram fazer. Somente após o final da excursão pela Europa lançaram
o single “Let’s Work Together”/”I’m Her Man” – pronto desde o final do ano
passado – para coincidir com o lançamento do álbum Future Blues em 3 de agosto. Na volta aos EUA, Larry Taylor e Harvey Mandel resolvem
deixar a banda e voltar á Londres para se juntarem aos Bluesbreakers de John Mayall a quem haviam
conhecido na Inglaterra durante a recente turnê, deixando espaço para a volta
de Henry Vestine que trouxe consigo o baixista Antonio de La Barreda com quem
havia tocado anos atrás em bandas do underground americano. Naquele mesmo mês foram apresentados ao lendário bluesman
John Lee Hooker, que aceitou gravar algumas sessões com o grupo no Liberty
Studios em Los Angeles.
A trágica morte de Alan Wilson
Cerca de um mês após o lançamento de Future Blues sua
obra mais ambiciosa até então, o guitarrista Alan Wilson foi encontrado morto
nos fundos da casa de Bob Hite em Topanga Canyon, vitima de um suposto suicídio
com a mistura letal entre álcool e barbitúricos. Os fatos de sua morte nunca foram realmente esclarecidos,
apenas acredita-se na possibilidade de suicídio levando em consideração que
durante sua adolescência, Wilson sempre demonstrava ser uma pessoa
desequilibrada e com tendência ao suicídio, que já havia tentando por outras
duas vezes. O primeiro disco ao vivo do grupo foi lançado como uma homenagem
póstuma a Wilson, intitulado Concert Live in Europe, que consistiu num apanhado
das apresentações realizadas na ultima turnê europeia, sendo que grande parte
das gravações foi tirada de uma noite no Royal Albert Hall em Londres.
A nova era

Discografia básica:
Canned
Heat (1967)
Boogie
with Canned Heat (1968)
Living
the Blues (1968)
Hallelujah
(1969)
Future
Blues (1970)
Concert
Live in Europe (1970)
Vintage
(1971)
Live at
Topanga Corral (1971)
Hooker
‘n’ Heat (1971)
Historical
Figures and Ancient Heads (1971)
The New
Age (1973)
One More
River to Cross (1973)
Reheated
(1988)
download - Canned Heat (Best Of)
senha - acidexp
Tô aqui com Dengue, mas o que me deixou pior foi não ter nenhum comentário sobre este artigo.
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