sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Toe Fat – Os dedos gordos do Rock

Além de ser uma das bandas pioneiras a misturar o Hard e o Prog, o Toe Fat ainda serviu como vitrine musical para que seus integrantes pudessem sair do underground londrino e entrassem de vez no mainstream quando posteriormente fizeram parte de uma dezena de outros grandes grupos, como o Uriah Heep e o Bee Gees.
Seu valor pode ter sido reconhecido apenas tardiamente, mas o Toe Fat será sempre lembrado como uma das melhores bandas injustiçadas de todos os tempos.




The Gods e Cliff Bennett & the Rebel Rousers

Em 1969, duas promissoras bandas inglesas estavam acabadas: o combo de R&B chamado Rebel Rousers que acompanhava o vocalista Cliff Bennett e a banda londrina The Gods. Ambas nunca chegaram a alcançar boas posições nas paradas de sucesso e nem conquistaram uma grande legião de fãs, mas ao menos serviram para que diversos músicos (mais tarde consagrados) saíssem do underground e entrassem num meio mais profissional da música. O Cliff Bennett & the Rebel Rousers esteve ativo por quase uma década, tornando seu frontman uma espécie de celebridade no Reino Unido, em seu período de atividade lançaram dois álbuns, dois EP’s e uma dezena de singles que só atingiram posições medianas nas paradas britânicas; já o The Gods se manteve ativo por aproximadamente 4 anos, um curto período onde lançaram somente quatro singles, colocaram dois discos no mercado e ganharam notoriedade nos Pubs da fria Londres.


A formação do Toe Fat

Influenciado pela nova cena que surgia com bandas como o Led Zeppelin e o Humble Pie que elevavam o movimento Heavy/Blues criado pelo Cream a níveis altíssimos de distorção e peso, Bennett resolve começar uma nova banda nestes moldes e saí à procura de músicos experientes para se juntarem a ele, foi apresentado ao multi-instrumentista Ken Hensley (ex-The Gods) por seu empresário que agendou um jantar de negócios entre os dois, onde firmaram o acerto de formarem uma nova banda, naquela mesma noite escolheram o nome Toe Fat, uma esdrúxula sugestão do manager que queria o nome mais repulsivo possível. Graças a alguns contatos e amizades que Bennett havia cultivado durante seus tempos no Rebel Rousers logo ele descolaria um contrato para a gravação de dois álbuns, no Reino Unido pelo selo Parlophone e nos EUA pela Rare Earth, um braço mais Rocker da Motown.
Com a maioria dos detalhes acertados, só faltava mesmo gente para ajudar a colocar o projeto pra frente, enquanto Hensley convida o baterista Lee Kerslake com quem havia tocado no The Gods, o baixista John Konas seria escolhido para o posto após algumas audições, mas não durou muito no cargo e acabou se demitindo pouco antes do início das gravações devido aos vários desentendimentos com Bennett, quem acabou ficando com seu posto foi John Glascock (outro ex-membro do The Gods).


A estréia em vinil – Bennett vs. Hensley

As gravações do álbum de estreia do grupo duraram até o inicio de 1970, sendo concluídas sob muitas confusões envolvendo Bennett e Hensley, duas personalidades fortes demais para aceitarem as opiniões um do outro, o principal motivo de discórdia entre eles era a direção musical que o grupo deveria tomar, enquanto Bennett tentava fazer algo mais denso e pesado, Hensley pendia para uma música mais Soft e Progressiva, o que culminou na expulsão do guitarrista pouquíssimo tempo após o lançamento do LP Toe Fat, tudo isso em meio a tour de promoção do álbum na Europa, o que forçou Bennett a pedir socorro ao guitarrista Alan Kendall, um velho conhecido da cena underground de Londres. Após o fim das datas no Velho Mundo, Kendall foi efetivado como membro da banda e eles viajaram pela primeira vez aos Estados Unidos numa longa tour abrindo para o supergrupo Derek & the Dominos.


Bad Side of the Moon

Voltando para Londres, começaram a trabalhar em novas composições para o seu segundo álbum (já previsto em um contrato firmado pela banda) e enquanto isso chegaria às lojas o primeiro single do grupo extraído da sua estréia homônima, contendo “Just Like Me” no lado A e “Bad Side of the Moon” (original de Elton John) como lado B. Curiosamente o lado B acabou fazendo mais sucesso que o carro-chefe do single, o que motivou a Parlophone a colocar um segundo compacto no mercado contendo “Bad Side of the Moon” como lado A e “Working Nights” como lado B. Mesmo com o single alcançando boas posições nas paradas – principalmente nos EUA – o álbum não parecia decolar e a banda é forçada a interromper as gravações do seu segundo disco para tentar fazer dinheiro na estrada, isso devido às pressões da gravadora que ameaçava os despedir se continuassem sem dar o retorno esperado.
Sem conseguir bons shows no Reino Unido, o Toe Fat resolve mesmo é apostar no mercado americano e embarcam novamente para a Terra do Tio Sam, mas agora como banda principal e não abrindo shows para outro grupo.


Novas mudanças

Com o final da nova tour, já em 1971 o ex-Toe Fat – agora membro do Uriah HeepKen Hensley convida o baterista Lee Kerslake a integrar seu novo grupo, este aceita e sem exitar abandona o grupo em meio as gravações de seu segundo disco, o jeito foi recrutar as pressas o irmão mais novo de John, Brian Glascock, ainda inexperiente, tendo tocado apenas em bandas amadoras da época. Com tudo praticamente pronto durante a mixagem do novo álbum – que já tinha até nome: Toe Fat Two – os executivos da EMI, irritados com a pouca vendagem do primeiro disco resolvem troca-los de selo, jogando o grupo para o menor Regal Zonophone e deixando-os quase sem visibilidade comercial na Inglaterra.


O sucesso posterior

Com um novo fracasso comercial foram demitidos pela EMI, o que decretou o fim do grupo, que terminou quase sem nenhum reconhecimento nos dois lados do atlântico a não ser pelo sucesso de “Bad Side of the Moon” nos EUA. Com o passar dos anos o Toe Fat finalmente recebeu algum reconhecimento e admiração por fazer parte de um dos melhores movimentos do Rock, onde se misturavam o Hard e o Progressivo de forma austera e poderosa. Os ex-membros da banda acabaram provando seu valor musical posteriormente, quando passaram por diversos outros grupos como foram os casos de John Glascock com passagens pelo Chicken Shack e o Jethro Tull, além de Allan Kendall e Brian Glascock que fariam parte da fase mais gloriosa do Bee Gees. O multi-instrumentista Ken Hensley e o baterista Lee Kerslake que abandonaram a banda ainda antes do seu fim prematuro, tocaram durante anos no Uriah Heep, sendo de fundamental importância para o sucesso da banda como uma das grandes do Hard/Prog britânico dos anos 70. Já o vocalista Bennett reativou seu antigo grupo, o Rebel Rousers, em mais algumas apresentações antes de sua definitiva aposentadoria.


Discográfia básica:

Toe Fat (1970) - download
Toe Fat Two (1971) - download

senha para desbloqueio dos arquivos: acidexp

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